Autor: Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Era por volta dos anos 70 e na Avenida Rio Branco, esquina com a Avenida Barão de Mauá, ao lado da estação, tinha um ponto de táxi que talvez era o mais antigo da cidade.
Nesse tempo me parece que predominavam os carros da marca DKV Vemag, tecnologia alemã que tinham um ronco bem distinto de veículos de outras marcas. Nesse tempo eram comuns carros da Ford, Chevrolet, Volkswagen, Sinca, Willys, Gordini (Renault). No taxi os carros mais valentes para subir e descer ladeiras de chão batido da cidade predominavam os DKV.
Os motoristas de táxi daquele ponto da estação tinham uma valiosa licença e ficavam anos e anos na atividade e um deles era o amigo Jarbas. Meia idade e cabelos bem brancos.
Era um grupo de motoristas entrosados e sempre rodava uma piada ou outra, uma gozação e mesmo alguns trotes.
O Jarbas, como outros colegas do ponto de taxi, nas horas calmas e o carro no fim da fila, dava uma paradinha no Bar ABC pra jogar uma conversa fora, tomar um cafezinho, rever amigos e bater um papinho.
Nós estudantes, voltando à noite do colégio Viscondão, principalmente nas sextas feiras, parávamos no Bar ABC que era o point de bater papo com os amigos, geralmente colegas de escola. E o Jarbas sempre por ali na escapadinha normal que o trabalho permitia.
A esposa dele implicava por ele passar no bar e vez ou outra ligava para o telefone do bar e chamava ele pra lembrar que o lugar do trampo era no ponto e não no bar. Vida que seguia.
Eis que um dia, os amigos do Jarbas, sabendo dessa implicação e confiando na velha e descontraída amizade, armaram uma daquelas para o Jarbas. Em dois do fim da fila do momento no ponto, viram o carro do Jarbas no meio da fila, chave no contato e o dono.... no Bar ABC ali pertinho.
Todos do ponto sabendo, dois amigos foram até a casa do Jarbas, um levando o carro do dito cujo e outro para trazer o colega de volta até o ponto e deixaram o dono do carro não só à pé, mas sem saber o paradeiro do carro.
O Jarbas, mesmo antes de dar pelo sumiço do carro, ainda no bar, recebeu um telefonema (mais um!) da patroa. Ela tinha escutado o ronco do carro chegando até a garagem de casa e estranhou que nada dele entrar em casa. Ligou direto pro bar e já foi pegando no pé. – O que que você está fazendo ai? - Ora, dei só uma passadinha tomar um café e já volto pro ponto que estou perto da vez na fila. Ela: como assim? Seu carro não está no ponto!! Ele olhou e cadê o carro. Deus do céu! O carro sumiu!
Ele desolado foi no ponto e descobriu que o carro estava bem guardado na casa dele. Foi só risada da galera.
Fica assim – a vida com humor é bem melhor, como sempre digo.