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Fazendas Capuava e Oratório

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Ao fundo a direita casa que serviu de residência ao
Capitão João (Acervo Museu Barão de Mauá)


Renato Alencar Dotta

 

A fazenda Capuava, a leste da fazenda Bocaina, também pertenceu ao Capitão João, bem como a suas irmãs Dona Escolástica Joaquina Ortiz e Dona Catarina Maria Ortiz. Uma de suas divisas era o rio Tamanduateí. Sua sede ficava num casarão – não tão antigo quanto o da fazenda Bocaina – que se localizava no entorno de onde hoje está o Viaduto Juscelino Kubitschek. Aliás, a casa foi demolida em abril de 1974, justamente para a construção do viaduto. A fazenda adentrava território que hoje pertence a Santo André.

 

Já a fazenda Oratório também era limítrofe ao Rio Tamanduateí, ocupando territórios que hoje correspondem ao Jardim Oratório e ao Jardim Sônia Maria, em Mauá, aos Jardins Ana Maria e Sílvia Maria em Santo André e à Fazenda da Juta, São Mateus, até a Vila Prudente, em São Paulo. Por sinal, encontram-se caminhos do Oratório nos três municípios: a avenida Ayrton Senna da Silva, em Mauá, era até recentemente a Estrada do Oratório; na tríplice divisa Santo André-Mauá-São Paulo, começa a Rua Oratório, que ruma para o Centro de Santo André; e na região da Vila Prudente, encontra-se a avenida Oratório. São prováveis resquícios de vias internas ou de acesso à fazenda.

 

No século 19, a realidade da região começa a mudar, embora muito lentamente. Em 1812, é estabelecida a Freguesia de São Bernardo, dando à região um relativo grau de autonomia, sobretudo em termos eclesiásticos. Apesar disso, a freguesia ainda está atrelada à Capital. A partir de 1860, a paisagem do ABC começa a sofrer uma alteração que vai definir seu destino daí em diante: em novembro, é iniciada a construção da ferrovia que vai de Santos a Jundiaí.

 

Nesse momento entra em cena o patrono da cidade. O principal idealizador da ferrovia no Brasil foi Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá. Irineu foi provavelmente o mais importante homem de negócios brasileiro do século 19, tendo sido comerciante, banqueiro, industrial, empresário. Radicado no Rio de Janeiro, então capital do Império, recebeu o título de Barão do Imperador D. Pedro II, em 1854, quando da inauguração da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Petrópolis. O nome Mauá deriva da estação inicial da ferrovia, Porto Mauá. Vinte anos depois, recebe o título de Visconde, por ocasião da inauguração da transmissão telegráfica entre o Brasil e o mundo, também uma iniciativa sua. 


 

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