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Ex-moradoras conservam lembranças do casarão

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Por William Puntschart

As irmãs Helena Guilhermina Branco, conhecida como Dona Filoca; Nathércia Ferreira Perrella e Ivanira Ferreira Antico, moraram muitos anos no casarão, antes que o mesmo fosse tombado, em 1982, e abrigasse o Museu Barão de Mauá.

Também moravam na casa colonial paulista outros membros da família, a saber: os pais, Adolpho Augusto Ferreira e Ana Medeiros Coimbra Ferreira, e os irmãos, José Anademil Ferreira, Adolpho Augusto Ferreira, homônimo do pai e Celina Ferreira Mantovani.

Na verdade, a família passou a residir ali, ainda na década de 30, quando o patriarca, Adolpho Augusto Ferreira, decidiu mudar-se de São Paulo. Procurando um local mais calmo e agradável, conheceu Mauá e, na cidade, encantou-se com a casa de arquitetura bandeirista, localizada não muito longe da estação de trem, principal referência da época. Imediatamente quis compra-la. Assim o fez, por intermédio de Augusto Walendy, corretor local, representante da Engenharia Pacheco, Schimidt e Victorino, empresa responsável pelo loteamento da atual Vila Bocaina.

Dona Helena Guilhermina Ferreira Branco, ou Dona Filoca, tinha apenas cinco anos quando a família passou a residir no casarão. Naturalmente, tem muitas histórias para contar relativas à infância e adolescência. Entre tantas, destacou a negativa dos padres, provenientes de Ribeirão Pires, de celebrar seu casamento, pois tinha apenas 15 anos de idade. Superados os entraves religiosos, casou-se com Batista Branco da Silva e ambos foram morar no casarão. Também ali nasceram os cinco filhos do casal.

Dona Nathércia Ferreira Perrela morou na sede da fazenda Bocaina durante cerca dez anos, mudando-se em 1940, por ocasião de seu casamento com Américo Perrella, prefeito de Mauá na década de 70. Da época em que morava no casarão, guarda a imagem das paineiras floridas e do coqueiro, que podia ser visto da estação de trem. Contudo, sente-se mais à vontade quando comenta sobre as realizações do marido, já morto. De acordo com seu depoimento, foram efetivadas pelo então chefe do executivo as seguintes obras públicas: o início da construção do atual Paço Municipal, numa área na qual ainda estava prevista a instalação dos prédios dos poderes Legislativo e Judiciário; a realização da 1ª Feira Industrial no município e a organização de todos os bens móveis pertencentes à Prefeitura, com a instalação do primeiro almoxarifado.

Já Dona Ivanira Ferreira Antico, guarda, além das imagens de infância, importante documentação sobre o casarão. Por exemplo, a escritura de compra e venda do mesmo, notável fonte histórica para nossas futuras pesquisas. Naturalmente, emociona-se ao descrever a festa de seu casamento com Rubens Antico, filho de Rafael Antico, ex-padre que trabalhou durante anos como gerente no moinho de sal das Indústrias Matarazzo. Após a cerimônia religiosa, realizada em 1947 pelo padre Antônio Negri na Igreja Matriz Nossa Senhora Imaculada da Conceição, os noivos receberam os convidados no casarão. Houve muita festa e música. Os presentes cantaram e dançaram ao som do conjunto “Canta Brasil”, importante quarteto local na época.

 

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