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Conheça a história do bairro Vila Vitória

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Vista da Vila Vitória, em 1950, destacando-se à esquerda a Igreja de Santa Cruz,  Original e acervo: Museu Barão de Mauá  


Histórico do bairro Nossa Senhora das Vitórias

 

O processo de loteamento

 

William Puntschart

A área onde se desenvolveu a Vila Nossa Senhora das Vitórias, e bairros adjacentes, integrava ao longo dos séculos XVIII e XIX, a grande Fazenda Bocaina, cuja sede atualmente abriga o Museu Barão de Mauá, órgão da Secretaria de Educação e Cultura do município.

 

Com o tempo, a fazenda foi negociada e passou a integrar o patrimônio de importantes homens de negócios. Cronologicamente, podemos apontar entre os principais proprietários João Barbosa Ortiz, o Capitão João, o mesmo que nomeia a atual avenida entre Mauá e Ribeirão Pires, e , também, Irineu Evangelista de Sousa Barão e, mais tarde Visconde de Mauá, patrono da cidade de Mauá.

 

Já com o loteamento, ocorrido principalmente no inicio do século XX, partes da Fazenda Bocaina, circunscritas à Vila Nossa Senhora das Vitórias e áreas circunvizinhas, foram ocupadas economicamente pelo cultivo de hortaliças por imigrantes japoneses e, também, pela instalação de olarias, entre as quais a de Guido Bozzato e a de Cícero Campos Povoa, onde trabalharam, por exemplo, membros da família Damo. Grandes áreas, contudo, concentravam-se nas mãos de ricos proprietários, tais como: Victorino Dell´Antonia, Bernardo Morelli e Carlos Martins Rocha, entre outros.

 

Por sinal, Carlos Martins da Rocha, na época presidente do Clube de Regatas do Botafogo do Rio de Janeiro, proprietário da indústria Produtos de Lã Nossa Senhora das Vitórias S.A., com escritório na cidade maravilhosa, pretendia estabelecer, no inicio da década de 1920, uma filial de sua empresa no bairro.

Negocio de vulto para época, capaz de empregar cerca de trezentos operários, encontrou, todavia, inúmeros obstáculos para sua concretização, mesmo já tendo sido finalizados os trabalhos de saneamento e construção dos galpões industriais. Entre tantos entraves, podemos apontar as conseqüências da instalação, em 1928, de uma fabrica de produtos químicos, próxima à área destinada à moradia dos empregados.

Denominada Sociedade Química Mauá Ltda, essa empresa ao utilizar em seu processo de fabricação de formicida, bi-sulfureto de carbono e sulfeto de sódio, entre outros elementos tóxicos, inviabilizou o projeto industrial daquela empresa têxtil carioca.

 

Nesse contexto, inúmeros recursos foram apresentados pela Industria de Lã Nossa Senhora das Vitórias á Câmara de São Bernardo, demonstrando a gravidade dos fatos em virtude da emissão de gases nocivos à saúde publica, oriundos da fabricação de formicida. Apesar dos argumentos, todos recursos foram indeferidos pelas autoridades.

 

Com isso, Carlos Martins da Rocha interrompeu seu projeto de expansão industrial, permanecendo, entretanto, proprietário de grandes áreas nos atuais bairros da Vila Nossa Senhora das Vitórias e Jardim Guapituba. Entretanto, se por um lado, não ocorreu o aumento de sue empreendimentos em Mauá, de outro, sua industria denominada Nossa Senhora das Vitórias, fabricante de cobertores, cuja matriz localiza-se no Rio de Janeiro, foi responsável pela nomeação não só do bairro, mas também da própria Paróquia.

 

Na década de 1930, porém, Carlos Martins da Rocha devido a problemas financeiros hipotecou, junto ao Branco do Brasil, partes de seus bens imóveis localizados em Mauá. Adquiridos, em hasta publica por J.J Abdalla, na época destacado empresário do ramo de cimento, esses terrenos foram imediatamente comercializados, originando de fato a ocupação do bairro.

 

Rocha, por sua vez, alegando não ter sido informado pelo Banco do Brasil sobre o vencimento da hipoteca tentou reaver os bens, por meio de uma disputa jurídico comercial, que se arrasta até os dias de hoje. Por isto, devido a essas intermináveis questões jurídicas sem solução, antigos proprietários ainda não obtiveram a escritura definitiva de seus imóveis, mesmo já tendo quitado o valor integral de suas propriedades.

 

Os moradores mais antigos recordam-se que remanescente daquela época de intensa venda dos terrenos no bairro resiste o casarão ao longo da Avenida Capitão João, próximo a Schimidt, onde funcionou, o escritório de Carlo de Campo, corretor com grande operosidade na cidade, assim como Anselmo Walendy, Tercilio Tamagonini, entre outros. Como se vê, o processo de loteamento da Vila Nossa Senhora das Vitórias, ainda é uma historia em construção e exige perseverança de seus protagonistas prejudicados.

 

Também se deve observar que, apesar de antigo, o bairro, assim como outras localidades municipais não conseguiu preservar sua história arquitetônica. Nessa perspectiva, podemos citar, por exemplo, a demolição,  em 1954, da Capela de Santa Cruz, em virtude da ampliação da atual Avenida Capitão João. Restou, entre outros bens de caráter patrimônio histórico local, somente a estrutura do Cemitério da Saudade com a Capela em seu interior, remanescentes de 1943.

 

Paroquia Nossa Senhora das Vitórias 1966-2006


 

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