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Colégio Brasileiro de Poetas

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Por William Puntschart

Entre as várias expressões culturais de nossa cidade, a poesia ocupa lugar de destaque, principalmente ao estudarmos as décadas de 60, 70 e 80, quando poetas, escritores e outros intelectuais atuaram no Colégio Brasileiro de Poetas, considerado o maior movimento literário da história local.

Essa agitação poética, de vanguarda na região, ganhou projeção devida à soma de pelo menos três fatores. O primeiro, a busca pela liberdade de expressão em pleno regime militar, uma forma de contestação e de resistência política. Com tais perspectivas, destacavam-se Olavo Hanssen, morto em 1970, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops), e a ex-vereadora do Partido dos Trabalhadores Lea Aparecida de Oliveira, autora de O sol e eles (1981), Talvez amanheça e Etiqueta com peixes e batatinhas (1984). O segundo, a atmosfera cultural na cidade, impulsionada pelo conjunto de atividades desenvolvidas em torno do então Grêmio Monteiro Lobato, onde podiam ser lidos e discutidos os clássicos da literatura. Como consequência, foi criado pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes o Teatro da Comunidade (Teco) e, mais tarde, realizados os famosos Encontros de Poesia (Epom). O terceiro, a disposição dos produtos culturais em se organizar, aproveitando-se desse cenário para a construção do imaginário poético.

Entre os fundadores do Colégio Brasileiro de Poetas, cuja obra principal foi a antologia Revoada dos Pássaros Negros (1980), entrevistamos Aristides Theodoro, autor de Dandaluanda e O poeta passeia por São Paulo. Ensaísta, contista e jornalista, organizou, em Mauá, ao longo dos 30 anos em que trabalhou como crítico literário, o maior acervo bibliográfico particular da região. Desse conjunto, destacam-se os 500 volumes referentes à questão negra, os 153 títulos sobre a saga do cangaço no Brasil e os livros de Gilberto Freire, entre eles Sobrados e Mucambos e Novo mundo nos trópicos. Aliás, seu desejo é escrever a biografia desse autor, de cuja obra principal, Casa Grande e Senzala, tem um exemplar autografado.

Com relação aos membros do Colégio Brasileiro de Poetas, Teodoro ressalta também Luiz Gubitozo, Caminhos a Seguir (1968); Iracema M. Regis, Poesia (1982); Antenor Ferreira Lima, Maré Vermelha (1978) e Tormenta das Horas (1983); e Castelo Hanssen, Canção pro sol voltar (1982).

“Éramos uma molecada irreverente, no bom sentido, que viajava sem destino certo, horas e horas pelas ruas, às vezes, lamacentas ou empoeiradas da cidade, apenas para termos mais tempo para tagarelar e para dar vazão aos nossos sonhos incandescentes, que enchiam as nossas mentes de ideias mirabolantes e utópicas. Santa ingenuidade de moços e puros sonhadores em plena flor da idade.”

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