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A obra poética de Aristides Theodoro

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A obra poética de Aristides Theodoro apresenta um núcleo convergente de temas que lembram a tradição escatológica do ocidente. É uma obra que recupera antropofagicamente o limite intertextual da produção artística nacional (Mário de Andrade, Murilo Mendes, Adão Ventura) e estrangeira (Máximo Gorki, Vladimir Maiakovski e Langston Hugues) de forma a não permitir uma leitura dissociada das influências mais amplas da História. 

 

O autor deseja, na verdade, trocar os fundamentos da criação do mito. E o faz sem pudor de absorver as descobertas estilísticas do movimento modernista em sua versão inicial. Daí a surpreendente abertura para a problemática homem versus mundo resolvida através da reativação da palavra revolucionária. O que se verifica na proposta de Aristides Theodoro não é o equilíbrio temático, mas a busca fragmentária duma tradição que vive sob o domínio do escatológico.

 

A obra poética de Aristides Theodoro apresenta um núcleo convergente de temas que lembram a tradição escatológica do ocidente. É uma obra que recupera antropofagicamente o limite intertextual da produção artística nacional (Mário de Andrade, Murilo Mendes, Adão Ventura) e estrangeira (Máximo Gorki, Vladimir Maiakovski e Langston Hugues) de forma a não permitir uma leitura dissociada das influências mais amplas da História. O autor deseja, na verdade, trocar os fundamentos da criação do mito. E o faz sem pudor de absorver as descobertas estilísticas do movimento modernista em sua versão inicial.

 

Daí a surpreendente abertura para a problemática homem versus mundo resolvida através da reativação da palavra revolucionária. O que se verifica na proposta de Aristides Theodoro não é o equilíbrio temático, mas a busca fragmentária duma tradição que vive sob o domínio do escatológico. O poeta inverte a perspectiva antropofágica de Oswald de Andrade detendo-se na exploração dos resultados duma inconclusa Revolução Caraíba. Embora o poeta deseje a resolução das contradições básicas da dimensão existencial do homem, de sentimento de inadequação ao espaço real ou imaginário, de estar sujeito às modificações do tempo e sob o domínio alienante da ideologia do poder, sabe-se também que o universo poético é apenas uma lembrança de seu desejo. O poema, embora reflita o clima de fim do humanismo e da constatação de suas chagas presentes (racismo) e futuras (com o mito de Édipo, transposto para o universo lírico do mundo pós-atômico no poema Eternidade) abrindo as portas duma nova consciência do real, não nos propõe a possibilidade concreta de efetivá-lo.

 

Ao poema, toda transcendência não passa duma nova ordem circunscrita ao âmbito da palavra. Se a palavra, para Aristides Theodoro, é um instrumento pelo qual são julgados os bons (o povo) e os maus (os corruptos, os feitores), é também para julgar sua própria impotência. Neste caso, a palavra poética também é lembrança duma palavra maior: a do Verbo. O que coloca Aristides Theodoro entre os legítimos herdeiros da poesia de tradição hebraico-cristã, bem como arauto cujas trombetas deitam por terra a Jericó construída pela modernidade.

 

(*) Vander Todorow é poeta, ensaísta e professor A Voz de Mauá, 10//09/98

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