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De Pilar à Mauá: história da cidade que passou ...

Viajando no tempo com Cido Ribeiro

Bóra mais uma Viagem no Tempo com o Cido ?

Só se não tiver preguiça de ler , pois é bruta textão !!!
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Eu olho a foto da fonte ao centro da praça e, se fechar os olhos, começo a viajar ao passado.

Na minha mente, as memórias começam a emergir junto aos sons nostálgicos dos motores barulhentos dos antigos ônibus da Viação Barão de Mauá, com suas laterais brancas adornadas por faixas verdes e vermelhas, passando ao lado na Av. Barão com seu piso de paralelepípedo.

Em minha viagem no tempo e nas lembranças, me vejo como um moleque cabeludo, vestindo um surrado jeans e uma jaqueta da mesma cor, adornada com alguns bottons de bandas de rock presos ao peito.

Caminho tranquilo, sentindo o vento no cabelo, rindo com alguns amigos que passam por mim e me chamam de Mick Jagger.

Ao chegar na fonte, vejo 3  rostos conhecidos de jovens hippies com suas mesas improvisadas, vendendo badulaques feitos em arame e um tecido preto repleto de novos bottons que atraem meu olhar.

A moça, com vestido de tecido cru e arranjos nos longos e lisos cabelos amarelados, me lembram Janis Joplin.

Ao lado, o tiozinho de sempre com seu carrinho de cocadas deliciosas atende a um casal com seu filhinho, mais interessado em correr pelos sinuosos caminhos da praça, enquanto a mãe grita pedindo para ele esperar.

Meu rosto se vira para os barulhentos senhores sentados próximo ao banheiro público, tentando vender alguns enormes relógios de pulso. Eu sempre me perguntava de onde vinham esses relógios.

Nesta minha viagem, é uma ensolarada tarde de domingo.

Eu olho em direção à enorme, pelo menos em minha lembrança, Concha Acústica, onde um homem cabeludo começa a montar uma bateria vermelha enquanto outros testam microfones.

Um outro, mais magro e vestindo uma camiseta azul, ajeita algumas fichas e se prepara para, ao cair da noite, comandar seu show de calouros.

Seu nome é Brandão.

Eu começo a encher o peito de alegria, sem saber por que, ao escutar o som de uma guitarra sendo dedilhada com maestria numa música sem voz, apenas os acordes bem conhecidos de uma canção que, nesta memória nostálgica, já era de outra era.

"Milionário" é o nome da música tocada na guitarra. A música pára de repente e começa uma voz: "Som... teste 123 som... Este é o Shazzan Show, teste som."

A tarde vai caindo e a praça começa a ficar mais cheia. Eu me sento num banco em frente à Fonte e começo uma conversa animada com os hippies, os  dois rapazes falando o quanto foi incrível eles terem ido no  Festival de Águas Claras em Iacanga que eu não pude ir e ficava escutando atento eles falarem das apresentações do que era na época o nosso Woodstock.

A moça,  ri gostosamente e me acena com a fina mão aberta , dizendo numa voz calma e macia:

"Acorda, Cido! Isso foi há 42 anos atrás."
 

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