Se depender dos entendimentos mantidos entre o prefeito Dorival Resende e o presidente Vicente Matheus, do Esporte Clube Corinthians Paulista, é provável que Estádio Municipal de Mauá, Obra iniciada em 1968 e paralisada em 1969, venha a ser concluída até o fim da gestão do atual chefe do Executivo desta cidade. É que Rezende propôs a Vicente Matheus um acordo no qual a Prefeitura de Mauá doaria (ou cederia) a área onde está localizado o “elefante branco” do município, que custou na época, cerca de 550 milhões de cruzeiros, provocou muita encrenca política e acabou sendo derrotado pelo abandono total, dominado pela lama e não servindo a nada e a ninguém, segundo se conhece do problema.
Um golpe de audácia e de astúcia, assim pode ser definida a posição do prefeito Rezende, que está visando não só a conclusão da obra, que seria a assumida inteiramente pelo Corinthians, mas objetiva, também, uma solução para o problema da estrada que ligará Mauá à via Dutra e à Anchieta, passando por Taboão e Embu obra considerada prioritária pelo Governo do Estado mas que não foi além de uma tortuosa estrada de terra batida, mais conhecida como avenida Papa João XXIII, em homenagem ao Papa que deu um caráter mais real à posição da Igreja Católica no contexto do mundo atual. Para sensibilizar a opinião pública, Rezende afirmou que “a coisa deve chegar aos olhos da Secretaria de Turismo do Estado, uma vez que os interesses são recíprocos”.
Mobilização total
Imaginem a maior torcida do Brasil vindo para Mauá a fim de assistir a uma partida do Coringão. O problema transcende o corriqueiro e se introduz na soma de interesses gerais. A ativação do comercio seria intensa, fazendo com que a própria cidade se adaptasse para acompanhar o fluxo de movimento. Para o prefeito Dorival Resende, entretanto, esse é apenas um dos detalhes importantes. Ele considera no mesmo nível a importância da criação de um anel viário que elimine das proximidades das porteiras a confusão total que está se transformando em verdadeiro delírio para motoristas e pedestres. E para que isso seja atingido é indispensável, diz o prefeito, que a Avenida Papa João XXIII seja concluída o mais rapidamente possível.
Há poucos dias a imprensa de São Paulo e da Região do ABC abordaram a informação de forma exaustiva. Os comentários começaram a pingar aqui e ali, algumas eufóricos, outros discretos, mas nenhum deles contrario à idéia do prefeito. Um antigo barbeiro de Mauá comentou:
Já pensou se a coisa pega mesmo? Veja só, o Coringão montando seu campo aqui em Mauá? O comercio teria um lucro estrondoso. E eu garanto que nesta cidade a maioria torce pelo Corinthians. É uma boa, é uma boa...
Talvez seja uma forma muito simples de encarar o problema, mas não deixa de ser uma opinião de quem vive em Mauá há mais de 30 anos e que se sabe das coisas e conhece os problemas cruciais da cidade.
A Voz de Ribeirão Pires n° 356 / 31 de março a 6 de abril de 1977