O carro enorme
como uma raposa fulva
deixa a Estação da Luz
17 e 45 e se pões a correr;
apita na curva
alinha frange
o aço range
o gaiato ri
a moça paquera
e a lagartona de aço
fura a neblina.
Novo apito na curva
mais uma encoxada.
A moça bufa, estrila
e a maquinona indiferente
vara a noite opalina
molhada pela garoa fina
veloz em direção à serra
atravessa seis cidades
roncando o mesmo refrão
o dia se vai
a noite se vem
o dia se vai
a noite se vem
o dia se vai
a noite se vem
E nesse galope medonho
vai desovando sua larva horrenda
por todas as estações
da Luz à Rio Grande da Serra
O Boêmio - Matão (SP), 10/10/2003