Os estudos mais minuciosos, os técnicos mais competentes, os políticos mais sagazes não teriam condições de prever. em 1950, que o distrito de Mauá, então pertencente a Santo André e com apenas nove mil habitantes, passaria a ter, em 1974, uma população de quase 150 mil pessoas, que seria multiplicada por dois até 1980, E claro que o fenômeno de tão vertiginosa expansão demográfica resulta em grande parte do explosivo processo de industrialização dos três maiores municípios da sub-região sudeste da Grande São Paulo — Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul — determinado nas últimas décadas peia indústria automobilística.
Mas o crescimento populacional de Mauá excedeu todas as expectativas e os próprios efeitos do grande indutor de expansão do ABC. Nada mais natural, portanto, nas condições precárias em que se tem processado o desenvolvimento urbana brasileiro, que o poder público tenha se revelado inteiramente incapaz de prever dez ali 15 anos atrás quais as necessidades que a expansão de Mauá colocaria rapidamente na ordem do dia. E de fato, nenhum planejamento houve das suas necessidades em termos de habitação, saneamento, transportes e urbanização. Dispondo hoje de um parque industrial composto por dezenas de empresas químicas, metalúrgicas, de material elétrico e de comunicações com um valor de produção anual superior a CrS 700 milhões e que tende a se expandir nos próximos anos, o município apresenta um quadro de carências realmente dramático: 95% de sua população não desfruta dos benefícios da água encanada e da coleta de esgotos, a maioria de suas ruas está sem calçamento e iluminação pública, o serviço de drenagem e águas pluviais é precaríssimo, as vias de ligação intermunicipal são deficientes, as áreas verdes e de recreação praticamente inexistem e a estrutura médico-hospitalar está representada por apenas 183 leitos.
"Para que possamos resolver esses problemas — afirma o prefeito Amaury Fioravanti — é preciso que se estimule a conjunção de esforços da administração municipal, do Estado e da União, pois nenhum município com as características de Mauá terá condições de cobrir isoladamente todos os custos sociais gerados pela industrialização. É necessário levar em conta que precisamos planejar para o futuro e recuperar o tempo em que a prefeitura não teve outra alternativa se-não a de acompanhar, muitos passos atrás, o intenso desenvolvimento industrial e o inevitável e desordenado processo de ocupação do solo".
Procurando recuperar o tempo perdido. enfrentar o atual complexo de problemas prioritários e planificar o futuro de uma cidade que tem crescido demograficamente à taxa de 13% ao ano, a Câmara de Vereadores do Município aprovou há alguns meses o Plano de Ação Municipal 73/76, elaborado pela Seção de Planejamento da Diretoria de Obras da prefeitura, A Seção de Planejamento, composta por equipe técnica de alto nível, que inclui engenheiros, arquitetos, sociólogos e jornalistas, e foi assessorada pelo Cegran na sua formação, elaborou um detalhado diagnóstico da situação sócio-econômica do município e propôs um plano de ação que define as diretrizes de atuação da atual administração. Esse documento norteador indica que a administração municipal deve trabalhar para "melhorar qualidade da vida urbana, mobilizar recursos da comunidade e dos demais níveis de governo e promover as atividades econômicas" através da viabilização de quatro programas setoriais; Desenvolvimento Social (educação, cultura, esportes, lazer, saúde e habitação), Serviços Municipais (limpeza pública, iluminação pública, rede elétrica domiciliar, cemitérios, abastecimento de água, esgotos, drenagem, pavimentação, guias e sarjetas, arborização e pontes), Transportes (vias expressas, arteriais e principais) e Administração (que compreende edifícios públicos, cadastro.