A partir do final deste mês, 700 metros quadrados da loja do Supermercado Onitsuka, no centro de Mauá (SP), vão ser ser transformados em um shopping de fábrica, com 50 lojas.
A área de vendas do supermercado, que era de 3 mil metros quadrados, se reduziu para para 2,3 mil metros quadrados e vai ocupar apenas o piso térreo do prédio.
"Com isso vamos conseguir compensar a queda no faturamento e até ter algum crescimento", diz Maria Eunice Menezes, gerente do novo shopping Barão Outlet.
É que desde novembro de 1995, quando foi inaugurada a loja da rede norte-americana Wal-Mart em Santo André, a cerca de dois quilômetros da loja de Supermercado Onitsuka, no centro de Mauá, essa unidade do Onitsuka registrou queda de 20% nas vendas.
Segundo Eunice, a empresa pode até ampliar a área do shopping, dependendo dos resultados dos primeiros meses. É que há ainda áreas ocupadas pela cozinha industrial, freezer e lanchonete, que podem ser desativadas.
Além de recuperar a perda de 20% nas vendas, a expectativa da empresa é de aumentar em até 15% o faturamento da loja. A rede Onitsuka tem cinco unidades, três em Mauá e duas em São Paulo.
Reduzir a área de vendas é apenas uma das saídas encontradas pelos pequenos supermercados para driblar a concorrência, mais acirrada desde o final do ano passado com a briga entre as grandes redes.
No outro lado da Grande São Paulo, em Osasco (SP), onde Carrefour, Wal-Mart e Extra (Anhanguera) disputam cada palmo do mercado, os pequenos empresários encontraram soluções menos radicais para aliviar a queda de vendas.
Agostinho João Lopes, dono de uma loja de 250 metros quadrados, o supermercado Jardins, em Osasco (SP), decidiu se abastecer no atacado e em novas indústrias que oferecem descontos.
É que a empresa teve uma queda de até 40% nas vendas em dezembro por causa da maior concorrência do mercado.
O resultado da sua estratégia pode ser visto na sua lista de fornecedores, na qual constam os nomes de seis novas empresas.
"Elas oferecem descontos que oscilam entre 5% e 10% sobre o preço de tabela e ainda dão mais prazo do que os fornecedores tradicionais", diz Lopes.
Na sua avaliação, mudar de fornecedor foi um bom negócio. Motivo: os descontos oferecidos pelas novas indústrias e prazo de pagamento mais dilatado fazem com que ele tenha preços mais competitivos nas prateleiras da sua loja.
São Paulo, sexta-feira, 15 de março de 1996
Fonte: Folha de São Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/3/15/dinheiro/18.html