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De Pilar à Mauá: história da cidade que passou ...

Mauá anos 60, quando tudo era meio longe

Autor:  Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida


 

Antes do mais, lembrar que sou de 1950 e viemos para Mauá-SP em 1961.   Nessa época Mauá tinha seus 40.000 habitantes aproximadamente arranjados nas baixadas e os morros geralmente ainda tinha o verde que hoje quase não tem, mas faz parte da vida.

Poucas ruas eram calçadas e menos ainda, asfaltadas.   Naquele tempo quando iam colocar revestimento em ruas mais centrais, de mais movimento, como Mauá era a cidade rica em pedras de granito dessa que comumente vira pedra britada, era comum pavimentar as ruas com os chamados paralelepípedos, pedras retangulares cortadas de forma artesanal pelos canteiros, especialistas nesta área.   

O calçamento era mais nas avenidas onde passavam os ônibus como acesso à Vila Assis, Bairro Matriz, o miolinho do centro e a Barão de Mauá até os lados do Itapeva.    Calçamento com paralelepípedos.   

Vamos então ao tal longe.    Padaria, longe; farmácia, longe; escola, longe.   Eu morava na Vila Bocaina ao lado da Avenida Itapark e as padarias mais próximas que me lembro eram a Padaria Brasilia na esquina do Viscondinho na Rua General Osório.   A Pauliceia ao lado da Praça da Bíblia e a padaria no Centro, que se me lembro era dos Perrella.

Escola no começo era mais o Viscondinho ali na General Osório e em 1965 mais ou menos, foi construído o Viscondão, hoje Terezinha Sartori.    Estudei a quarta no Viscodinho, de dia.   Fiz ginásio e colegial à noite no Viscondão.  De casa ao Viscondão era uns dois quilômetros de ruas meio escuras, muita garoa e vento boa parte do ano e seguia a vida.

Mais tarde um pouco surgiu o Colégio Humberto de Campos não longe do Viscondinho e era um colégio particular.    Depois o colégio mudou de lugar.   

Nesse tempo, o Seo Agenor, morador na Vila Bocaina, que foi da zona rural no passado, tinha uma carrocinha de tração animal e fazia fretes durante parte do dia.   Trabalhava à noite como zelador na Porcelana Mauá.   Ele fazia pequenas mudanças, mas o frete mais comum era ir até Capuava buscar botijão de gás para as pessoas.    Diga-se de passagem, uma crueldade as pessoas não terem gás por perto.   Havia caminhões que distribuíam um calendário (papelão, com formato de um pequeno botijão) dizendo dos dias que passavam para vender o gas em cada rua.   Mas no dia que havia gas no portão, poderia não haver grana no bolso da dona de casa.  Aí o gas acabava e isto sempre acontecia quando a dita cuja estava usando o fogão...   Daí não tinha jeito.   Era chamar o carroceiro e este pegava o botijão vazio e ia até Capuava, aquele trecho grande, tendo que passar pelo centro da cidade.   

As pessoas às vezes tinham dificuldade para pagar o frete e ofereciam o segundo botijão como pagamento.   Digo segundo, porque na compra do fogão costumava vir com dois botijões, um cheio e um vazio.  A pessoa vendia um às vezes para pagar o frete como foi dito.     

Nessa o Seo Agenor acabou tendo um micro estoque de botijões e assim quando ia lá em Capuava já trazia uns quatro ou cinco botijões e deixava em estoque meio escondido para não ter problema.   Vinha uma dona de casa pedir botijão e tudo ficava rapidinho.   Era de casa até a casa  da cliente.   E assim foi por bom tempo.   

O “combustível” do cavalo era farelo de trigo molhado no cocho no cercado perto da casa e capim cortado nas beiras dos córregos ou mesmo no mato da aliança que hoje seria o fundo do Parque ada Américas e parte do Guapituba.    

Seo Agenor, nessa de carroceiro, acabou fazendo muitos amigos que também tinham seus carrinhos de animal, inclusive alguns que tinham com a chamada charrete, esta de passeio, como a do Bertolino Tomaz e alguns outros.    

Nesse tempo, anos 60, ainda havia uma improvisada raia, ou pista para corridas de cavalo entre o que é hoje o Parque São Vicente (que é de depois de 1961) e a linha do trem, num espaço entre a Avenida João Ramalho e a linha do trem.     Ali era comum os carroceiros e os que gostavam de andar a cavalo se reunirem de vez em quando para bater papo, fazer rolos (trocas de carroças, charretes, animais) e ver eventualmente alguma corrida improvisada.   Então por mais simples que fosse tudo aquilo, eram e são parte da nossa vida e as recordações são eternas.   

Seo Agenor, que hoje está no andar de cima:   Bença pai!

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