Por William Puntschart
A carteira de vacinação de Maria Chiarotti, cujo original integra o acervo do Museu Barão, evidencia, entre outros aspectos, a preocupação das autoridades sanitárias, ao longo do início do século passado, com o contágio entre a população de doenças causadas pela falta de saneamento básico e, principalmente, com a disseminação do vírus da varíola. Emitido pelo então Serviço Sanitário do Estado de São Paulo em 29 de dezembro de 1934, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945), esse registro de imunização menciona que a portadora, funcionária na Fábrica de Louças João Jorge Figueiredo, estabelecida na São Paulo Railway, estava apta para o exercício da profissão declarada. Afirma ainda que “a operária não possui moléstias contagiosas, ou más condições aparentes de robustez e nutrição e, principalmente, foi vacinada contra a varíola”. Como se vê, além de indicar a presença da mulher no mercado de trabalho, na época atuando principalmente nas fábricas de porcelana; a caderneta de saúde atualizada, exigência da legislação trabalhista, remete-nos a outro importante legado de Oswaldo Cruz - médico sanitarista, formado pelo Instituto Pauster em Paris - para o qual a vacinação deveria ser obrigatória e universal.