• Notícias em Destaque

Green Plaza Shopping. você lembra?

Tanque da Paulista em 1930

O Mauá Memória é apoiado pela Prefeitura de Mau...

Fazenda Bocaina, o início do Jardim Zaíra

fabrica2.jpg

Funcionários da fábrica de Louças João Jorge Figueiredo "Fábrica Grande"1939


Por William Puntschart

 

A área onde se situa o maior e mais populoso bairro de Mauá, o Jardim Zaíra, antes de ser loteada, correspondia à parte da grande propriedade rural denominada Fazenda Bocaina, cuja sede abriga atualmente a Casa de Cultura e Museu Barão de Mauá. Circunscrita, de um lado, pelo rio Tamanduateí e de outro, pela atual estrada de Sapopemba, no interior dessa área, instalou-se a Fábrica Grande, pioneira no ramo de louças no município. Lá funciona, atualmente, o Centro Educacional do Sesi.

 

Em atividade desde 1914, a Fábrica Grande, situa-da na entrada da Fazenda, oferecia ao seu corpo técnico especializado moradia em torno da indústria. Ali fixaram residência, entre outros, os Pasianot, dos quais destaca-va-sc o químico Emílio Pasianot; os Bagnara e os Viola.

 

Além dessas famílias, devemos citar também, entre os primeiros moradores, os Bechelli, Loro, Boiago, Pinheiro, Mariotto e Motta. Dessa forma, foi surgindo o primeiro núcleo populacional no bairro, ao longo da então estrada do Corumbê, posteriormente denominada Miranda Coelho, mais tarde avenida Um e, hoje, Presidente Castelo Branco. Aliás, segundo o dicionário de língua Tupi, de Gonçalves Dias, Corumbê ou Coryb significa “alegrar-se”.

No fim da década de 40, porém, todo Sítio Bocaina,exatamente 4.284.860 m2, pertencente a João Jorge Figueiredo, foi adquirido pela família Sadek, cujos irmãos e sócios liderados por Chafik Mansur Sadek, ali iniciaram um loteamento popular, constituído de unidades que variavam de 200 a 300 m2 De acordo, decidiram também homenagear a matriarca da família, nomeando o loteamento como Zaíra Mansur Sadek - sem acento -popularmente designado Zaira.

 

Assim, durante os anos 50, foram realizados os trabalhos de loteamento nas duas primeiras glebas, correspondentes ao trecho atual compreendido entre o SESI e o número 1368 da avenida Castelo Branco. Entre tantos compradores de lotes nessas glebas, entrevistamos Olivier Negri, estabelecido no bairro há 40 anos. De acordo com ele, naquela época, os lotes eram relativamente baratos, não tinham serviços de água e luz, nem tampouco transporte coletivo. Por outro lado, com o intuito de torná-lo atraente, Chafík Mansur oferecia, além de amplo prazo de financiamento, cinco mil tijolos, quatrocentas telhas, uma porta, uma janela e um vitrô.

 

Gentilmente, Olivier Negri, que morreu em 2002, homem inteligente e de precisa memória, apresentou-nos o compromisso particular de compra e venda do seu terreno. De acordo com essa importante documentação, pelo seu lote de número 12, situado à quadra 56, com 300 m2, pagou cento e cinqüenta mil cruzeiros. Também contou que os próprios moradores do Jardim Zaíra conduziram, pelas ruas do bairro, a grande cruz até a capela Sagrado Coração de Jesus, a primeira edificada no bairro. Sob a liderança do padre Teixeira, inúmeros fiéis percorreram as ruas do Zaíra, cm maio de 1963, por ocasião do encerramento das festividades das Santas Missões.

 

Entre os participantes da procissão, citamos membros dos grupos católicos, organizados e atuantes na época. São eles: os Congregados Marianos, as Filhas de Maria, Associação Jesus Maria José, as Irmãs Vicentinas e, ainda, os componentes do Sagrado Coração de Jesus.

 

Todos esses grupos, por sinal, tiveram presença marcante na história do bairro, principalmente nas décadas de 50 e 60, não só pelos trabalhos pastorais e da edificação da Capela Sagrado Coração de Jesus, mas também devido à elaboração e discussão das propostas que visavam ao bem-estar da comunidade local, como, por exemplo, a luta pela implantação dos serviços de saúde, canalização de água e saneamento básico. Basta lembrarmos que essas organizações foram de fato as formadoras de quadros que, mais tarde, atuariam na Sociedade Amigos de Bairro e até na Ação Popular, grupo de esquerda, que se opôs à ditadura militar, instalada no Brasil após o golpe de março de 1964.

 

fabrica1.jpg
Vista  geral da fábrica de Louças João Jorge Figueiredo "Fábrica Grande" 1939


 

Apoie o Mauá Memória

Qualquer valor R$ 10,00 R$ 5,00 R$ 2,00

Deixe um comentário

Olá, pessoal maravilhoso! Sou um dos colaboradores deste blog. Confira nossos posts - siga-nos!

Buscar