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De Pilar à Mauá: história da cidade que passou ...

Conheça a história do Cineclube Pilar

Período de atividade: 13/05/2006 a 22/07/2014 

 

Quem andava pela avenida Alfredo Sebastião da Silva  que fica no Jardim Canadá em Mauá, município da Grande SP, podia passar despercebido por uma pequena casinha rosada ao lado de uma quadra de futebol. Porém, é naquele local que era a  sede da Associação dos Moradores do Bairro Jardim Canadá, que uma atividade cultural muito presente na história do país era resgatada por seis amigos: o cineclubismo. Resistente ao tempo e ao modelo comercial, o espaço no ABC fazia mostras temáticas e realizava oficinas de cinema.

Alexandre Lexy Soares, Diego Cardoso, Edson Barbosa, José Cabral, Jorge de Barros e Cristiano Oliveira se reuniam todo domingo na Associação para organizar as sessões do cineclube Pilar, em Mauá. A ideia de criar o cineclube surgiu em 2004, quando os colegas cursavam oficinas de cinema oferecidas pela prefeitura de Santo André. “O professor era um cineclubista de São Paulo e sugeriu aos alunos que tentassem a experiência de criar um cineclube”, conta Alexandre Lexy Soares, presidente do CC Pilar.

 

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Foto de uma das sessões do Cineclube no Museu Barão de Mauá


 

Em 2006, o projeto foi colocado em prática, inicialmente com o apoio da Secretaria de Cultura de Mauá, e era realizado no Teatro Municipal. Em  2007, a prefeitura desfez essa parceria, e as sessões passaram a ser itinerantes. Com o edital do programa Cine Mais Cultura, do Governo Federal, receberam incentivos para manter o cineclube funcionando em um local fixo naquela época. “Em 2009, nós nos inscrevemos, recebemos equipamento e acesso a filmes da Programadora Brasil. Foi aí que resolvemos trazer para o Jardim Canadá, que é o bairro mais periférico da cidade”, diz Soares.

O cineclube era um dos mais atuantes na região do ABC. As sessões sempre eram temáticas, e costumavam atrair um tipo de público bem específico. Ederson da Rocha e Silva, 29, já frequentou diversas sessões do CC Pilar. O músico e poeta disse na época que pessoas de diversas faixas etárias passavam pelas sessões, mas muitos não voltavam. Os mais assíduos acabavam sempre sendo estudantes e profissionais ligados à área artística, especialmente a cinematográfica. “Já convidei muita gente, mas ninguém foi. Alguns diziam que era muito ‘cabeça’, falavam que era coisa de poeta. E poeta é tudo doido,” brincou Silva.

 

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A equipe do CineClube reunida na antiga Biblioteca Cecília Meireles no centro de Mauá


 

Desde o começo, o cineclube procurou se diferenciar dos cineclubes clássicos e a trazer algo além dos debates. “A gente já fez sessões com música, poesia, intervenções teatrais, qualquer tipo de ação que tenha a ver, que a gente consiga casar com o filme exibido, a gente acaba trazendo pra testar”, contou Soares.

O cineclube ainda tinha planos para fazer duas ações que terão a chance de envolver os moradores do Jardim Canadá.  A primeira é uma oficina de grafite, sugerida por um grupo de grafiteiros que foi a uma das sessões. A proposta é exibir curtas-metragens sobre o tema, além de grafitar a fachada da associação do bairro.

A outra proposta na época era de criar oficinas de cinema, para aproximar os moradores do bairro do universo cinematográfico. Por ser um bairro de periferia, as pessoas ainda não se familiarizaram com o cineclube. Muitas delas, principalmente crianças, entram e saem das sessões para matar a curiosidade, mas sempre de maneira distante.

Com as oficinas, os organizadores pretendiam mostrar que o cinema não precisa ser algo distante da realidade dos moradores. “Nós gostaríamos de mostrar para as pessoas que o cinema não é complicado de se fazer, desde que se tenha um conhecimento do que está sendo feito. Hoje em dia, que dá para fazer filme até com o celular, as pessoas podem filmar se aproximando o máximo possível do profissional”, afirmou o presidente do CC Pilar.

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Gravação do filme "O inimigo" na foto Alexandre Tiossi e Lexy Soares


 

Dificuldades - Um dos obstáculos de um cineclube era conseguir divulgação para o trabalho realizado. No ABC, as cidades que têm mais cineclubes são Diadema e São Bernardo. Para Soares, a vantagem desses municípios é que as prefeituras davam mais apoio para esse tipo de atividade, o que não acontece em outras cidades. Porém, mesmo com falta de apoio e divulgação, a região na época ganhava cada vez mais cineclubes. Entre eles estão o cineclube Cinema Digital, em Diadema, o Sessão Fala Viela, em São Bernardo, e o Jairo Ferreira, em São Caetano.

Para o CC Pilar, a mudança para o Jardim Canadá na época trouxe uma dificuldade extra: a falta de público. Como as sessões passaram a ser realizadas na periferia de Mauá, muitos frequentadores antigos deixaram de ir às sessões, pela distância até o centro da cidade. Com isso, o público passou a ser formado mais por famílias e crianças do bairro que começaram ver que que sim é possível fazer cinema com poucos recursos e quem sabe isso não traga uma nova geração de cineastas mauaenses?

 

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Debate pós filme na antiga Biblioteca Cecília Meireles no centro Mauá 


 

O frequentador Ederson Silva na época considerava a melhor época do CC Pilar quando as sessões eram realizadas na Biblioteca Cecília Meireles. “Ao final de cada filme fazíamos um debate. Isso acabava sendo um exercício poético, e foi muito importante, já que sou músico e poeta. As sessões trouxeram mais vivência e amplitude dos campos artísticos que até então não conhecia”, disse.

O presidente do CC Pilar conta que mesmo com um público com menor interesse, o grupo sempre procura fazer um debate. “Dependendo do tipo de filme, às vezes acontece de o público ir embora e a gente fica aqui discutindo sozinho enquanto guarda o equipamento”, comentou.

Apesar das dificuldades, os seis colegas do cineclube Pilar continuam firmes na proposta inicial, dando ênfase ao cinema nacional e à produção independente. “São filmes que, se não forem exibidos nos cineclubes do país inteiro, ficam guardados. Esse é o nosso principal foco, justamente para que as pessoas conheçam esse tipo de filme,” disse Soares. “É a obrigação de todo cineclubista”, finalizou.

Texto do Acervo CineClube Pilar

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Matéria do Cineclube em jornal local


 

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Cena do curta "O inimigo"


 

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Lexy Soares um dos idealizadores do CineClube


 

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Programação do Cineclube na época


 

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Exibição do filme "O inimigo" no Museu Barão de Mauá


 

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