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De Pilar à Mauá: história da cidade que passou ...

Carmen Edwiges Savietto: candidata de Prestes por Mauá

 

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William Puntschart

 

Nas eleições municipais de 9 de novembro de 1947, foram lançados em todo país candidatos aos cargos de prefeito, vice e vereadores. Pelo distrito de Mauá, integrante do município de Santo André, candidataram-se ao cargo de vereador, pelo Partido Social Trabalhista, (PST), a escriturária Carmen Edwiges Savietto e o cortador de pedras Ennio Brancalion, mais tarde, em 1955, empossado prefeito do município autônomo. Ambos integravam a chapa do marceneiro Armando Mazzo, primeiro operário candidato, ao cargo de prefeito, na história do ABC.

O ingresso ao PST, aliás, após o cancelamento do registro eleitoral do Partido Comunista Brasileiro, foi a solução eleitoral encontrada para a participação dos candidatos indicados por Luis Carlos Prestes, o “cavaleiro da esperança”, eleito senador em 1945, pelo Distrito Federal.

No pleito, Armando Mazzo, Carmen Edwiges Savietto, Ennio Brancalion, e 29 vereadores do PST, foram eleitos pelo voto livre e direto. Porém, impedidos pela Justiça Eleitoral, nunca tomaram posse. A reparação jurídico-eleitoral só ocorreu, mais tarde, por ocasião da posse simbólica dos eleitos, promovida pelo então prefeito de Santo André, Celso Daniel, em cerimônia realizada em 1989 com a presença de Mazzo.

Carmen Edwiges Savietto (1922-1956), filha de Claudio Savietto e Colombia Priolli, casada com Rolando Fratti, dirigente do Partido Comunista na região, teve dois filhos: Ruy Pedro Fratti e Regis Savietto Fratti. Moradora no Jardim Zaira, em Mauá, atuava profissionalmente, no escritório da Laminação Nacional de Metais, em Utinga, Santo André. Sua vida foi marcada por perseguições a na luta pelos direitos das mulheres. Na presidência da União de Mulheres Democráticas (UMD) foi presa, ao ter sua casa invadida pela polícia.

Comprometida com as questões sociais, Carmen Edwiges Savietto lançou sua plataforma eleitoral por meio de um panfleto, reproduzido no livro de Pilar a Mauá de Ademir Medici. No folheto, a candidata afirma que, na Câmara Municipal, será uma legítima representante da mulher, na luta pelos problemas mais sentidos, tais como:

1. Luta contra a carestia e o câmbio negro

2. Pela construção de dois hospitais, com assistência gratuita á mulher trabalhadora, e Maternidade que correspondam ás necessidades do povo do município ( um em Santo André e outro em São Caetano)

3 Criação de ambulatórios médicos nos distritos e bairros

4 Criação de creches e parques infantis, nos distritos e bairros

5 Luta pela conquista de todos direitos da mulher na indústria.

A trajetória de Carmen Savietto, nas lutas relacionadas ao trabalho feminino e ao engajamento da mulher operária, é citada inclusive pelo renomado historiador brasilianista John French, no artigo As mulheres e a mobilização operária na época de pós-guerra em São Paulo, 1945-1948. Para o autor “Carmen se empenhou na organização de mulheres como mulheres. Assim fundou em 1946 a União de Mulheres Democráticas de Santo André (UDM), de forma a defender os direitos das mulheres em todos os aspectos”.

O leitor interessado pelo tema, pode consultar, entre outros, o livro 9 de novembro de 1947: a vitória dos candidatos de Prestes, de Ademir Medici, publicado em1999, pelo Fundo de Cultura de Santo André.

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